Adotado como Varejinho, fã de Varejão sonha brilhar no Flamengo
Após duas temporadas na Espanha, Fred Duarte, ala de 19 anos, ganha um lugar no time da Gávea e sonha seguir os passos do ídolo na seleção e NBA
Por Danielle Rocha
Rio de Janeiro
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No email enviado aos jogadores com as divisões dos quartos da viagem para Vila Velha, o nome de Fred Duarte, que a mãe esperava ler, não constava na relação. Aparecia sim, um tal de Varejinho que Dona Ana não conhecia. Nem desconfiava que é assim que o filho passou a ser chamado pelo elenco do Flamengo por culpa da cabeleira e do sorriso largo que fazem lembrar Anderson Varejão. Ele não reclama. Pelo contrário. Foi a semelhança física com o ala-pivô do Cleveland Cavaliers que tornou mais fácil a aceitação do jogador de 19 anos e 1,95m, que tinha acabado de voltar de duas temporadas na Terceira Divisão do basquete espanhol.
Anderson Varejão é o ídolo de Fred Duarte, que passou a ser chamado de Varejinho pelos jogadores do Flamengo (Foto: Montagem sobre foto de Divulgação)Depois de defender o Torrejon de Madri, ele retornou ao Brasil para tirar férias e resolveu treinar com o time da Gávea para não perder o ritmo. Acabou despertando o interesse do clube e resolveu ficar. A estreia vestindo a camisa 8 será nesta quarta-feira, às 20h, contra o Vila Velha, no primeiro jogo da equipe na terceira edição do NBB. O time não contará com Jefferson, Wagner, Duda e Hélio, que cumprem suspensão pela confusão no jogo 3 da final contra o Brasília, na temporada passada.
- Eu cheguei e só conhecia os jogadores de nome, nunca de bater papo. Logo no primeiro dia, eles brincaram com o meu cabelo e disseram que eu era o Varejinho. Estou super à vontade nos treinos. E ansioso, porque vou defender um dos melhores, senão o melhor time do país - disse o ala, que já vestiu a camisa da seleção brasileira nas categorias sub-16, sub-18 e sub-19.
A ansiedade ficou ainda maior depois de ter tomado conhecimento de uma das possibilidades de trote cogitadas pelo grupo. A ideia de raspar a cabeça aparece como a favorita. Se vai virar ação, ele não sabe. Mas já sofre. Lembra logo de Lucas Bebê, o melhor amigo, que estudou na mesma escola, morou na mesma rua e jogou no mesmo Central, em Niterói. Durante a preparação da seleção para o Mundial da Turquia, Bebê foi convidado para treinar com o grupo e perdeu as madeixas.
- Comecei a deixar o cabelo crescer quando tinha 12 anos e eu ainda nem jogava basquete. Aí começaram a comparar com o do Varejão, eu achei legal e deixei assim. Muita gente me diz que tenho não só o cabelo, mas traços do rosto parecidos com o dele. Eu gosto. Mas agora falaram que querem raspar... Nem sei como sou sem esse cabelo. Tenho um cuidado danado e estou sofrendo - brinca.
Com Lucas Bebê, que treinou com a seleção
na preparação para o Mundial (Foto: Divulgação)Anderson foi voto contra no trote de Bebê, por razões óbvias. O visual despojado, aliado ao talento em quadra e ao carisma, foi a combinação perfeita para fazê-lo amado pelos torcedores da NBA e transformá-lo na figura mais lembrada da atual equipe verde e amarela, comandada pelo técnico Rubén Magnano. Fred é um de seus fãs declarados, embora ainda não tenha tido a oportunidade de dizer isso pessoalmente.
- O pessoal pergunta se tenho um ídolo e digo que é o Varejão. Pelas entrevistas que li, vejo que foi um cara que se esforçou, que superou dificuldades e chegou onde chegou. Não tem a maior média de pontos da NBA, mas tem uma estátua numa loja em Nova York, é ícone do Cleveland e amado no basquete dos Estados Unidos depois de tudo o que enfrentou. Ele passou pela Espanha também, defendeu o Franca e lembro que chegou a viajar 17 horas de ônibus só para ver a família. Para mim, é um exemplo não só de jogador, mas de pessoa. Nas ruas e até os funcionários do clube já me perguntaram se sou irmão dele. Se Deus quiser vou conseguir, como ele, chegar a jogar na melhor liga do mundo.
Se Anderson Varejão é a maior referência, Marcelinho Machado encontrou uma brecha e despertou a atenção do jovem companheiro de equipe. Não somente por jogar na mesma posição que ele, mas por sua aplicação, por chegar mais cedo ao treino e pela quantidade de bolas de três que consegue acertar. As dicas dadas também estão sendo bem aceitas. Assim como o cestinha do Flamengo e o ídolo cabeludo, o sonho de Varejinho é defender o Brasil nas Olimpíadas.
- Quando soube que os Jogos de 2016 iam ser no Rio foi inevitável sonhar em estar lá defendendo o país. Acho que ter voltado da Europa para cá vai me dar visibilidade. O NBB cresceu muito, é um campeonato com uma qualidade boa. Vou treinar bastante para isso acontecer.
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