quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Adotado como Varejinho, fã de Varejão sonha brilhar no Flamengo

Após duas temporadas na Espanha, Fred Duarte, ala de 19 anos, ganha um lugar no time da Gávea e sonha seguir os passos do ídolo na seleção e NBA
Por Danielle Rocha
Rio de Janeiro

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No email enviado aos jogadores com as divisões dos quartos da viagem para Vila Velha, o nome de Fred Duarte, que a mãe esperava ler, não constava na relação. Aparecia sim, um tal de Varejinho que Dona Ana não conhecia. Nem desconfiava que é assim que o filho passou a ser chamado pelo elenco do Flamengo por culpa da cabeleira e do sorriso largo que fazem lembrar Anderson Varejão. Ele não reclama. Pelo contrário. Foi a semelhança física com o ala-pivô do Cleveland Cavaliers que tornou mais fácil a aceitação do jogador de 19 anos e 1,95m, que tinha acabado de voltar de duas temporadas na Terceira Divisão do basquete espanhol.


Anderson Varejão é o ídolo de Fred Duarte, que passou a ser chamado de Varejinho pelos jogadores do Flamengo (Foto: Montagem sobre foto de Divulgação)Depois de defender o Torrejon de Madri, ele retornou ao Brasil para tirar férias e resolveu treinar com o time da Gávea para não perder o ritmo. Acabou despertando o interesse do clube e resolveu ficar. A estreia vestindo a camisa 8 será nesta quarta-feira, às 20h, contra o Vila Velha, no primeiro jogo da equipe na terceira edição do NBB. O time não contará com Jefferson, Wagner, Duda e Hélio, que cumprem suspensão pela confusão no jogo 3 da final contra o Brasília, na temporada passada.

- Eu cheguei e só conhecia os jogadores de nome, nunca de bater papo. Logo no primeiro dia, eles brincaram com o meu cabelo e disseram que eu era o Varejinho. Estou super à vontade nos treinos. E ansioso, porque vou defender um dos melhores, senão o melhor time do país - disse o ala, que já vestiu a camisa da seleção brasileira nas categorias sub-16, sub-18 e sub-19.

A ansiedade ficou ainda maior depois de ter tomado conhecimento de uma das possibilidades de trote cogitadas pelo grupo. A ideia de raspar a cabeça aparece como a favorita. Se vai virar ação, ele não sabe. Mas já sofre. Lembra logo de Lucas Bebê, o melhor amigo, que estudou na mesma escola, morou na mesma rua e jogou no mesmo Central, em Niterói. Durante a preparação da seleção para o Mundial da Turquia, Bebê foi convidado para treinar com o grupo e perdeu as madeixas.

- Comecei a deixar o cabelo crescer quando tinha 12 anos e eu ainda nem jogava basquete. Aí começaram a comparar com o do Varejão, eu achei legal e deixei assim. Muita gente me diz que tenho não só o cabelo, mas traços do rosto parecidos com o dele. Eu gosto. Mas agora falaram que querem raspar... Nem sei como sou sem esse cabelo. Tenho um cuidado danado e estou sofrendo - brinca.


Com Lucas Bebê, que treinou com a seleção
na preparação para o Mundial (Foto: Divulgação)Anderson foi voto contra no trote de Bebê, por razões óbvias. O visual despojado, aliado ao talento em quadra e ao carisma, foi a combinação perfeita para fazê-lo amado pelos torcedores da NBA e transformá-lo na figura mais lembrada da atual equipe verde e amarela, comandada pelo técnico Rubén Magnano. Fred é um de seus fãs declarados, embora ainda não tenha tido a oportunidade de dizer isso pessoalmente.

- O pessoal pergunta se tenho um ídolo e digo que é o Varejão. Pelas entrevistas que li, vejo que foi um cara que se esforçou, que superou dificuldades e chegou onde chegou. Não tem a maior média de pontos da NBA, mas tem uma estátua numa loja em Nova York, é ícone do Cleveland e amado no basquete dos Estados Unidos depois de tudo o que enfrentou. Ele passou pela Espanha também, defendeu o Franca e lembro que chegou a viajar 17 horas de ônibus só para ver a família. Para mim, é um exemplo não só de jogador, mas de pessoa. Nas ruas e até os funcionários do clube já me perguntaram se sou irmão dele. Se Deus quiser vou conseguir, como ele, chegar a jogar na melhor liga do mundo.

Se Anderson Varejão é a maior referência, Marcelinho Machado encontrou uma brecha e despertou a atenção do jovem companheiro de equipe. Não somente por jogar na mesma posição que ele, mas por sua aplicação, por chegar mais cedo ao treino e pela quantidade de bolas de três que consegue acertar. As dicas dadas também estão sendo bem aceitas. Assim como o cestinha do Flamengo e o ídolo cabeludo, o sonho de Varejinho é defender o Brasil nas Olimpíadas.

- Quando soube que os Jogos de 2016 iam ser no Rio foi inevitável sonhar em estar lá defendendo o país. Acho que ter voltado da Europa para cá vai me dar visibilidade. O NBB cresceu muito, é um campeonato com uma qualidade boa. Vou treinar bastante para isso acontecer.

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