terça-feira, 16 de novembro de 2010

Perto do fim da carreira, Washington fala sobre futuro no futebol e no Flu

Atacante diz que plano é jogar até dezembro ou, no máximo, até o fim de 2011. Médico indica certa preocupação, apesar de garantir que ele está bem
Por Diego Rodrigues e Thiago Fernandes
Rio de Janeiro

imprimir Ele é o maior artilheiro de uma só edição do Campeonato Brasileiro, com 34 gols. O feito aconteceu em 2004, com a camisa do Atlético-PR. Em 2008, marcou 21 e mais uma vez foi o goleador da competição, dessa vez pelo Fluminense. Hoje, com 35 anos, Washington começa a preparar sua despedida do futebol.

- Está chegando o final. Creio que, se não for neste ano, no fim do ano que vem devo estar encerrando.

Portador de diabetes e com histórico de cirurgia no coração, ele tem contrato com o Fluminense até dezembro, renovável por mais um ano. O próprio jogador garante que só um “desastre” não faz com que encerre a carreira no clube. Mas Washington precisa passar por uma bateria de exames de praxe no fim da temporada.

De seis em seis meses ele é avaliado pelo seu cardiologista, Constatino Constantini, como aconteceu no meio desta temporada. Sem o aval do médico, aliás, Washington não pode assinar com clube algum. De acordo com Constantitni, a situação clínica do jogador é estável, mas ele já revela uma certa preocupação com uma nova data do camisa 99 para abandonar os gramados.


Washington corre para preencher a lacuna de 2008 (Foto: Wallace Teixeira / Photocâmera)- Ele está muito bem. Tem a possibilidade de levar uma vida saudável e normal, mas não se pode exigir que, com 35 anos, jogue como um guri de 20 anos. Não tem estrutura. Veja como ele corre marcando e obstruindo a saída de bola do adversário. Isso é exigir muito de uma estrutura como o coração. Está querendo fazer algo desnecessário. Se não falhar o coração, falha o músculo ou o joelho. Ele não tem mais idade - disse o médico, que, apesar das recomendações, garante que não terá problema para liberar o jogador no fim do ano caso ele seja aprovado na bateria de exames.

Veja como ele corre marcando e obstruindo a saída de bola do adversário. É exigir muito de uma estrutura como o coração. Está querendo fazer algo desnecessário. Se não falhar o coração, falha o músculo ou o joelho"Médico de WashingtonO que motiva Washington a prolongar a carreira por mais uma temporada é uma dívida com a torcida do Fluminense. Na sua segunda passagem pelo Tricolor, ele espera cobrir o espaço deixado com o vice-campeonato da Libertadores em 2008 e dar o título do Campeonato Brasileiro aos tricolores.

- Aquela lacuna, o que faltou naquele ano, pode ser completado agora.

Em entrevista, o atacante falou de diferentes momentos com o Fluminense, sua saída do clube, o retorno, a próxima temporada e a vida fora das quatro linhas.

GLOBOESPORTE.COM: Existe alguma recomendação por parte dos seus médicos para que encerre a carreira?

Washington: Na verdade, quem poderia definir isso é o meu cardiologista, mas ele tem um planejamento de quando vou parar. Está me acompanhando nessa linha do planejando e, quando eu parar, não dá para fazer mais nada. Está chegando o final. Creio que, se não for neste ano, no fim do ano que vem devo estar encerrando.

Você costuma jogar mesmo sentindo dor, e Michel Simoni (ex-chefe do departamento médico do Fluminense) o elogiou muito em seu blog.


Queria agradecer as palavras do Simoni publicamente. Ele colocou ali o que eu sou mesmo. Aquele é o Washington. E foi tudo de coração. Depois, liguei para ele para agradecer. Somos amigos, e meu pensamento é exatamente o que ele escreveu. É o que sou. Não é qualquer coisa que me tira de jogo e treino. Tem o exemplo do ombro. No dia do jogo contra o Inter, o doutor até falou: “O Washington vai sair”. E eu ainda fiquei em campo. Não ia pedir para sair, mas aí o Muricy viu que eu estava com dor e me tirou. Mas eu sou assim. Até pelo que passei no coração, sei o que é ficar fora do futebol. Sei o que é ver os companheiros, você querendo estar lá e não poder. Por isso valorizo cada momento. Sei que estou no fim da carreira e quero aproveitar todos os momentos, por isso é difícil me tirar de treino e jogo.


Washington não marca um gol há 13 partidas
(Foto: Wallace Teixeira / Photocâmera)Você vive um jejum (13 jogos sem marcar). É mais um percalço a ser superado?

Com certeza. Minha história de vida sempre teve percalços e superei. Esse é mais um. É a primeira vez na minha carreira que isso acontece. Pelo que lembro, não fiquei nem cinco jogos sem fazer gol. São quase 20 anos de carreira, mas se aconteceu é porque tem alguma coisa boa guardada para mim. É mais uma fase que vou superar.

Contra o Vasco, por exemplo, você foi aplaudido mesmo sem marcar. Como vê essa manifestação da torcida?

A torcida entende e viu que estou me doando ao máximo, mesmo não fazendo os gols. A torcida gosta de mim e está me apoiando. Falam que a esperança, quem sabe, é que o gol do título seja meu.

Qual seu objetivo no Fluminense?

Independentemente do campeonato, eu quero dar um título para a torcida, que merece gritar campeão pelo que vem sofrendo. Temos uma grande chance agora e, depois, no ano que vem, consequentemente, a Libertadores é outro campeonato que o time vai entrar para ganhar.

O título do Campeonato Brasileiro ajudaria a diminuir a perda da Libertadores?

Aquela lacuna, o que faltou naquele ano, pode ser completada agora. Esse título é um desejo de toda a torcida e pode ser completado agora. São campeonatos diferentes, mas, pelo tempo que o Fluminense não vence (26 anos), a torcida vai esquecer um pouco da Libertadores.

Que partida mais te marcou no Fluminense?

A da Libertadores (contra o São Paulo, em 2008) foi incrível. Agora, na minha volta (contra o Atlético-PR), também foi. Eu estava na dúvida sobre como me receberiam, depois de ir para o São Paulo (em 2009), mas entrei, pensei em jogar, ficar quietinho e fazer o melhor. Lembro que a torcida, depois de cantar todos os nomes dos jogadores, deu uma parada e só depois cantou a minha música, o estádio inteiro. Até hoje me arrepio. Ali tive uma emoção grande e por pouco não chorei.

A torcida, depois de cantar todos os nomes dos jogadores, deu uma parada e só depois cantou a minha música, o estádio inteiro. Até hoje me arrepio. Ali tive uma emoção grande e por pouco não chorei"WashingtonVocê se arrepende de ter trocado o Fluminense pelo São Paulo?

Não digo que me arrependo, até porque fiz uma escolha. Não é que tenha dado certo, mas pelos números no São Paulo foi até uma média excelente. Mas é claro que o torcedor tem aquela sensação de que não deveria ter saído, continuado minha historia. É que em determinados momentos da vida abre a oportunidade, você tem dois caminhos e tem que escolher um. De repente pode escolher certo ou errado, mas não me arrependo. Acho que Deus é tão bom comigo que me trouxe de volta. O importante é isso, ter deixado amigos no clube. Por isso, pode ter igual, mas mais do que eu querer ser campeão não tem. É uma coisa de que não abro mão. É um titulo que desejo e vou fazer de tudo para conquistar.

Nesse ano você teve propostas de Flamengo e Vasco, mas optou pelo Fluminense. Era uma dívida de gratidão?

É mais ou menos isso. O Fluminense foi o clube onde me identifiquei. E teve os contatos com Vasco e Flamengo, mas eu estava muito identificado com o Fluminense. Quando surgiu a oportunidade, fiquei muito feliz e minha família também. Por isso voltei.

Vai encerrar a carreira no clube?

Ao que tudo indica, sim. As coisas estão se encaminhando para isso. Só se acontecer algum desastre, algo sobrenatural. Mas a tendência é essa.

E depois que pendurar as chuteiras?

Meu caminho é esse, de ser empresário. Estou começando as coisas e já coloquei alguns jogadores em alguns times. Agora surgiu a oportunidade de trabalhar com João Pedro e Gabriel (dupla sertaneja de Brasília), e esse vai ser meu caminho. Não tenho muito jeito para ser um treinador. Não consigo. Tenho mais cacoete para os negócios. Tenho também o sonho de ser presidente do Caxias, do Rio Grande do Sul, onde comecei. Quando vou lá, todos falam que eu sou o futuro presidente. Sou mais dirigente, empresário.

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